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O Manejo Clínico do Luto na Psicanálise

Transcrição parte dois de aula aberta ministrada pelo psicanalista Christian Dunker, doutorado em Psicologia Experimental (1996) pela Universidade de São Paulo.



Em um post anterior (Psicanálise e Luto: Introdução à temática), apresentamos a primeira parte da argumentação do Professor Christian Dunker sobre o luto, apresentada em sua aula aberta do canal do Instituto ESPE:



Qual o manejo clínico apropriado para pacientes imersos no processo de luto?

A seguir os seis movimentos do luto, segundo o professor Christian Dunker, e seus respectivos manejos clínicos.


 
O MANEJO CLÍNICO DO LUTO
“O truque aqui é um trabalho em que a experiência que existiu uma vez com aquele outro precisa ser refeita de tal maneira que ela de novo mostre a integridade de uma relação. E há um modelo Lacan para essa reconstituição de unidades que é o modelo do nó borromeano.” – Christian Dunker.

Real, Simbólico e Imaginário formam uma unidade cuja propriedade principal é que se você rompe um desses nós, os três se separam. E está aí a lógica da colcha de retalhos. “Se sobrou um, não adianta. Vai ter que costurar tudo de novo até colocarmos todos os retalhos em dia e aquilo formar uma nova colcha. Pode até ser que uma parte fique para trás, mas isso que ficou aqui reconstituído representa uma nova combinação, ou seja, tem esse efeito de criação que agora permanece comigo e faz parte do eu.” – diz Dunker.


Entendamos agora, junto com ele, como esse processo se dá, mas, como adverte o professor, “não imaginem que isso aconteça em sequência. Na verdade, é um ir e vir. Daí a importância, na clínica do Luto, dessa primeira recomendação geral sobre nossa escuta diante disso: Atenção ao tempo!”



ATENÇÃO AO TEMPO!

“Atenção ao tempo do seu sujeito” – nos adverte Dunker.


Atenção ao tempo em que o sujeito está, como um tecelão, juntado Real, Imaginário e Simbólico e a primeira movimentação que não vai ajudar o paciente é o que está como mote fundamental na cultura, que é dizer: “Vá em frente!”, “Acelere!” “Trabalhe!”, “Se ocupe!”, “Faça qualquer coisa!”, “Volte a viver!”, “Não deixe a tristeza entrar!”, “Olhe para frente!”. Por mais boa vontade que se tenha, e um pouco de despreparo para auxiliar o recém-enlutado, querendo que ele saia daquela situação o quanto antes, essas atitudes, no senso comum, trazem uma intuição psicopatológica que é correta: muitos sintomas são formados pela paralização, pela fixação, pela aderência a um desses trabalhos.


“Como se fossem os doze trabalhos de Hércules, vamos falar aqui dos seis trabalhos do luto” – diz Dunker, apresentando-os a seguir.



OS 6 MOVIMENTOS DO LUTO

1º Movimento -  A recepção da notícia

O primeiro movimento diz respeito à situação da recepção da notícia, de como se toma contato com o “morreu”. É o momento onde nos damos conta que perdemos, que chegou o dia do “acabou”.

Este momento está associado a dois afetos específicos:


a)      a reação, sistemática,  a isso como uma surpresa. “Eu não acredito! ” – e aí se tem um primeiro termômetro do que que virá depois, pois existem graus de descrença. “Graus que, inclusive, permitem falar da descrença como um índice da psicose – o “unglauben” – que está lá no Presidente Schreber.” – diz Dunker.

O primeiro tempo da notícia nos pega nessa incredulidade. Incredulidade por quê? Porque podemos localizar esse primeiro tempo entre o Imaginário e o Real. Neste lugar onde Lacan dizia que está o furo verdadeiro.

Segundo Dunker, Lacan tem uma concepção muito interessante sobre o luto, que está nos Seminários 5 e 6, que coloca o luto como uma espécie de contrário da psicose. “Na psicose, a gente já tem algo que não se inscreve no simbólico e que volta no real. No luto, a gente já tem algo que é um buraco no real que demanda, que pede por uma estrutura simbólica. A primeira ideia é: como é que esse buraco no real, essa foraclusão invertida, pode se mostrar? Como incredulidade. ” ´-  nos explica o professor.


b)     a dor (schmerz) é o segundo afeto encontrado neste momento e está presente em Freud, quando ele fala do luto. Aqui estamos antes da angústia. É importante não confundir a dor do luto – a incredulidade que acompanha a surpresa que veio junto -com a angústia. “O traço de surpresa indica o quão o eu estava preparado, advertido para aquele encontro. Quanto menos preparado, tanto por disposição quanto por compreensão, maior o efeito traumatogênico da perda.” – pontua Dunker exemplificando que há aqueles que não estavam preparados porque a notícia pega completamente de surpresa, como em um acidente, por exemplo, e que também há aqueles que vão ser colhidos por uma dor dada pela magnitude do acontecimento.

 


O TRABALHO CLÍNICO DESTE MOMENTO: ALTERNÂNCIA ENTRE PRESENÇA E AUSÊNCIA

O trabalho neste primeiro momento deve visar, principalmente, a elaboração da perda em termos da alternância entre ausência e presença. “Vamos lembrar que a presença e a ausência são os alternantes básicos do processo de simbolização - o mais seu neto brincando com carretel e dizendo, fort e da, aqui e lá.” Ali o Freud intui que o neto está brincando e simbolizando, através desta brincadeira, a experiência ao qual ele está sendo submetido que consiste da ida e da vinda da mãe, ou seja, uma experiência de presença e ausência que ele não comanda. Essa alternância vai levar a uma primeira simbolização: a presença de uma ausência e a ausência de uma presença.


O enlutado, quando chega na casa, no quarto, no carro da pessoa que faleceu, descreve um sentimento de sentir a ausência da pessoa. “Aqui tem uma cadeira, aqui tem um sofá onde ela sentava, e eu olho para aquela cadeira e eu vejo a ausência, eu experimento a ausência. ” – conta Dunker exemplificando, ainda, que muitos enlutados narram que se levantam no meio da noite, abrem a porta da casa e esperam pela pessoa aparecer. Outros relatam que caminham pela casa chamando por aquele que se foi.


Dunker frisa que, fenomenologicamente, é um acontecimento que parece psicótico, mas no fundo ocorre pelo fato de que nós não temos “o equipamento necessário para lidar com a negatividade” e, assim sendo, encaramos a morte como um “foi viajar e vai voltar daqui a pouco. ”


“Eu estou no momento do não acredito. Então eu chamo, eu ando pela casa, eu posso circular pela cidade à procura, porque eu vou encontrar essa pessoa, ela está em algum lugar! É como se um lado soubesse que não, que a morte é um fenômeno irreversível, e o outro lado tem diante de si a mais pura ausência.” – explica Dunker.


Para lidar com este momento, o que temos que fazer? Um movimento inverso ao de Freud, e presente em Lacan: insistir e investir nos ritos coletivos. Encontre os outros, lembre-se os outros e, principalmente, vá ao funeral, pois ele coloca vivamente essa ideia de uma presença – o corpo – e de uma ausência – a pessoa não está ali. Existe a concretude daquilo que será o simbolizante: a presença de uma ausência e a ausência de uma presença.


Exemplifica o professor Dunker com um caso famoso do paciente que perde o analista.


O analista morre e, na mesma tarde, o paciente diz:

“Tinha uma ligação tão forte com ele que eu preciso de um analista para me ajudar a lidar com a perda do meu analista. ”


E ele procura o Lacan. Lacan toma um susto e diz:

“Como assim? O analista morreu? ”

“Morreu” – responde o analisando – “E eu estou aqui atrapalhado e queria falar sobre isso.”


Ao que Lacan, então, responde:

“Depois você vai falar sobre isso. Agora nós vamos ao enterro.”


Essa é a maneira de aproximar o sujeito da experiência. É a maneira de impedir que o luto seja negado.


“Ajudar os nossos pacientes a acreditar.” – diz Dunker. – “Ferenczi é um mestre nessa arte, ao introduzir essa ideia de que a experiência precisa ser autorizada. A gente precisa dizer para os nosso pacientes: “Morreu. Foi-se. Acabou. Vamos contar isso de novo, juntos? Até que assim seja?” – pondera o professor.

 


2º Movimento -  A passagem da ausência para o vazio

O segundo movimento interno ao luto diz respeito à passagem da ausência para o vazio. Essa passagem se dá pelo deslocamento das questões em torno do incrível - do não acreditável -  para as questões em torno da angústia. Essas questões podem se prenunciar em sonhos de repetição, em formações de angústia, em uma alteração da relação corporal – deixei de comer, deixei de andar, deixei de dormir. São processos que indicam o que Lacan disse para designar esse trabalho: a loucura provisória que todo luto traz consigo.


Para ilustrar, temos a ideia do personagem shakespeariano Hamlet, que perde o pai. Ess pai volta em forma de fantasma, o pai lhe conta que ele foi assassinado e ele então vira um louco, um delirante, questionando coisas como “quem será que sou?” e “o que é o mundo?”. Apesar de ser essa uma loucura teatralizada, Lacan vai dizer que isso acontece na realidade. Esse movimento, então, tem ligação com essa passagem da figura do negativo – da ausência – para o vazio.


“É um vazio fundo.”  - diz Dunker – “É um vazio que me levaram um pedaço. É um luto como devastação narcísica. “Eu morri. Eu sinto que estou oco pra dentro.” – uma expressão que muitos pacientes dizem e que a gente deve estar preparado para dizer que isso faz parte. Cada um vai enlouquecer ao longo do luto conforme a sua loucura primária. Os obsessivos se tornarão mais obsessivos, os histéricos mais histéricos, os fóbicos mais fóbicos ou passarão por grandes transformações na sua compreensão narcísica, ou seja, a ideia de que o outro foi embora e me abandonou é um choque, uma pancada no nosso narcisismo.” – completa o professor alertando que operações concernentes à recuperação do narcisismo devem ser esperadas nessa fase.


É necessário acompanhar nossos pacientes neste momento. Seguir com sua forma de enlouquecimento e estar preparado para isso. Não se assustar.  



3º Movimento -  A Angústia do Vazio se transforma em perda

No terceiro momento do luto, a angústia do vazio se transforma em perda.


Neste terceiro momento percebemos que estamos, de alguma maneira, vendo, contabilizando, contando o que foi a extensão da perda, ou seja, a volumetria que aquela pessoa ocupava em nossa vida. Passa-se, assim, da frustração para a privação. Passa-se da repetição para o processo de recordação. A recordação demanda, se faz necessária, precisa acontecer quando eu estou diante da perda.


“Mas o que acontece em nossa cultura?” – pergunta o professor Christian. “Em geral isso se dá depois de algum tempo, depois de alguns meses, em um momento em que todo mundo voltou a ter sua vida normal, voltou ao trabalho, a um certo resguardo e compreensão com o outro. Nesse momento em que todo mundo foi embora, é o momento em que se precisa falar com alguém. E falar com alguém por quê? Porque a gente não rememora, não lembra – no sentido terapêutico e transformativo – sozinho. Nós precisamos do outro.” – coloca o professor Dunker.


Este momento da perda é também o momento mais propício para que a perda entre em transferência. Elaborar uma perda é elaborar a cadeia de perdas que antecederam. “Como você lidou com outros?” “Como você se virou em outras situações como essa? ” “Vamos rememorar?” “Vamos lembrar?” Ajudando no processo de descobrir que no fundo, aquele que se foi é mais um que se foi. Aquele que se foi deixou rastros, resíduos, memórias que precisam ser feitas coletivamente.


Aqui já vai um manejo diferencial.


A teoria do luto de Freud trata de como o aparato psíquico lida com essas figuras individualmente.

A teoria do luto em Lacan trata como podemos articular o nosso luto a partir do luto dos outros. “A gente não faz o luto sozinho” – destaca Dunker.


Em um primeiro momento são necessários os suportes rituais: as missas, a oração, a despedida, o cemitério. Os ritos jurídicos como o inventário, a herança. E esses são coletivos porque coletivo é também a memória sob transferência, e isso é o que se faz necessário para que tratemos essa perda e é, basicamente, o que engendra uma abertura para a transferência, ainda que seja uma perda de saber – o que foi que perdi naquele que eu perdi. Ainda que seja uma tentativa de suturar a perda com objetos.

Neste momento – de confrontação com o que se perdeu – se faz presente, muito comumente, a ideia de substituição. Isso pode ser bastante desfavorável para o enlutado porque o que ele necessita é saber da realidade, da dimensão daquela perda. Não é um momento de substituição, e sim de ligação dessa perda com outras perdas anteriores.


Christian sugere o termo “cadeia de lutos” para designar esse movimento de conexão de uma perda com outra. Diz ele:


  “Todos nós temos uma história de perdas. “Ah, perdi meu pai.”; “Perdi a escola”; “Perdi aquela cidade onde eu morava”;  “Perdi a língua que eu falava”,  “Perdi aquela minha amiga que se foi.”  Essa cadeia de lutos é ativada pelo processo da lembrança, pelo processo do vazio, pelo processo da ausência, a ponto de colocar, então, a recordação contra a repetição. Recordar, repetir e elaborar. Essa também é uma fórmula possível para o luto.”



4º Movimento -  A Falta

O quarto momento do trabalho do luto está ligado propriamente à falta em seu sentido conceitual - da castração simbólica, da nomeação e da elaboração, o confronto com aquilo que há naquela perda de reedição da castração. Castração: perda simbólica de um objeto imaginário.


O que acontece nesse momento? A imaginalização; a idealização; o sobreinvestimento narcísico. Os processos imaginários se articulam com os processos simbólicos, a partir dos quais esse vazio – ausência - perda, podem agora se encadear com outras perdas a partir da falta.


Se fazem presentes os processos de nomeação. Exemplo: na tradição judaica se demora um tempo para se colocar uma placa com o nome do falecido. O nome no sentido de nomeação da perda. A convocação do significante Nome-do-Pai, a articulação daquela perda num sistema simbólico e a articulação desse sistema dentro de uma ordem simbólica. Tudo isso coloca em marcha, então, um tipo de reedição da castração.


“Muito importante para os nossos pacientes. Muito importante no sentido da direção do tratamento. Mas também muito sensível, porque neste momento, muito frequentemente, quando temos uma estrutura psicótica não desencadeada, ela vai desencadear, ela pode desencadear nesse momento, porque você vai convocar um Nome-do-Pai em oposição simbólica ao outro. Está dada essa dupla injunção, esse apelo que o outro faz para se, vamos dizer assim, encontrar um novo lugar. Agora, eu estou sem ele, eu estou sem ela. Você tem a tarefa para si de um novo lugar. E a metáfora paterna, os processos metafóricos são, vamos dizer assim, o caminho para esse novo lugar. E, portanto, cada luto vai ter um momento de reviravolta, ou de reinstalação, ou de recomposição da fantasia ou do fantasma. É o momento em que aquela perda toma lugar no fantasma do sujeito. Em que ele diz: “Na verdade, eu já tinha perdido. Eu nunca tive.” – nos ensina o professor Dunker.

 


5º Movimento -  Da falta para a função de causa. Momento estético do luto.

O quinto movimento diz respeito à passagem dessa falta para uma outra função do objeto perdido:  a função da causa.


“Aqui, uma novidade” – diz o professor Christian – “recolhida das diferentes teorizações sobre o luto, e que eu chamei de momento estético do luto.”


Como dito anteriormente, as grandes narrativas declinaram. Já não se tem mais a credulidade das narrativas religiosas por exemplo. Mas o que se faz para dar conta do luto hoje? Escreve. Pinta. Faz dança. Cria teatro. Há algo então no luto que é fortemente impulsionador da sublimação, da criação.

 Isso só acontece quando há a articulação falta com causa. Ou seja, quando se consegue colocar aquela perda no lugar do objeto, do objeto a, do objeto que sempre esteve perdido, do objeto que é a causa de desejo e que engendra uma relação de aceitação da perda.


“O único motivo para a gente realmente aceitar a perda é dizer assim, mas ela já estava antes. Ela já me acompanhava antes. Eu agora consigo identificar uma perda com outra. Elas são semelhantes.” – diz Christian.



6º Movimento – A escolha

O sexto movimento, segundo o professor Christian Dunker, é um movimento interessante porque, no fundo, ele implica uma espécie de decisão, ou de escolha. “Uma escolha inconsciente. A escolha da neurose. A escolha dos sintomas. Aquela escolha que a gente não para e delibera e diz que a vontade é A ou B.” – comenta o professor.


E assim temos, no término do luto, dois caminhos:

a)     Integrar esse objeto perdido à sua cadeia de lutos e, portanto, conseguir se separar dele.

“Eu consigo dizer, você pode ir, eu te deixo ir, porque eu guardo você comigo. Porque eu canibalizei você. Eu comi o pai na hora primitiva, agora morto, e ele faz parte de mim e ele está comigo. Legal. Isso equivale a uma recomposição. Isso combina com a alegria. Isso combina com a libertação, mas isso encerra o luto. Isso é um ato subjetivo.” –  comenta o professor salientando que muitos pacientes passam muito tempo sem se dar conta de que um dia é preciso declarar o fim e por um ato – ato sem sujeito, no sentido lacaniano – dizer que acabou.

Esse ato, muito frequentemente, está marcado por um sonho – o sonho é uma produção estética, notem. – onde aquele que se foi aparece e diz “tchau”. E ele veio e eu não senti tristeza, mas eu senti saudades. Apareceu, mas era uma coisa que simbolizava essa pessoa. “Uma espécie de fecho que cada um dá que é um ato subjetivo, é um tempo lógico, um encerramento.” – diz Dunker.


b)     Transformar a perda individual em perda coletiva.

Esse caminho consiste em transformar a nossa perda individual numa perda coletiva. Tornar aquela experiência tão próxima, tão íntima, tão particular, em algo que se quer que fique em aberto, em algo que se transfira e se conecte com outros lutos.

“É uma opção, é uma opção que torna o ato de luto um ato ético - como já era em Freud -  mas também em um ato potencialmente político. Ou seja, dizer:  “Enquanto essa história não for bem contada, me recuso a fechar o luto sobre Marielle Franco.”  “Enquanto esses 30 mil desaparecidos argentinos não forem reconhecidos pelo Estado com seu nome e com a reparação, eu recuso a encerrar meu luto.” – exemplifica Dunker nos colocando outras questões como “Onde estão as elaborações coletivas para perdas massivas - como o COVID -  para perdas em que você não tem o nome das pessoas, em que você não tem o corpo, todos os elementos que a gente lançou aqui como problemáticos, em que a gente não tem a memória coletiva, em que a gente não tem a família junto.”

 

Tudo isso pode gerar efeitos de lutos interminados patológicos, mas há lutos terminados não patológicos, que são aqueles que dependem de uma espécie de ato onde o próprio sujeito diz: “eu não sei porque estou agindo assim, eu não sei porque estou me declarando em luto aberto e conciliando, articulando esta cadeia de luto, não com os meus lutos perdidos, não com a história das perdas, não com a história dos desejos desejados, não com a história das ausências, mas com a história dos lutos daqueles com quem eu tenho um pacto, eu tenho um trato de viventes, em que temos que fazer jus aos que se foram, temos que fazer justo o funeral, a justa lembrança aos que se foram, e também articular esses que se foram com os que virão, com os que ainda não nasceram.”


“E essa é uma tarefa que coloca e dá um luto, não só como uma orientação para o passado, mas como uma máquina de produção de futuros indeterminados, de futuros ainda não decididos.” – conclui Christian Dunker.



 

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O curso completo sobre o tema poderá ser encontrado, na íntegra, na plataforma do ESPEcast a partir de novembro de 2024.



 


Sobre Christian Dunker: Psicanalista, Professor Titular do Instituto de Psicologia da USP (2014) junto ao Departamento de Psicologia Clínica. Obteve o título de Livre Docente em Psicologia Clínica (2006) após realizar seu Pós-Doutorado na Manchester Metropolitan University (2003). Possui graduação em Psicologia (1989), mestrado em Psicologia Experimental (1991) e doutorado em Psicologia Experimental (1996) pela Universidade de São Paulo. Atualmente é Analista Membro de Escola (A.M.E.) do Fórum do Campo Lacaniano. 


Transcrito e estabelecido em texto por Gustavo Espeschit.  

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